O folclore colombiano é um caldeirão vibrante de lendas, mitos e histórias transmitidas oralmente por gerações. Essas narrativas fascinantes, muitas vezes enraizadas na cultura indígena pré-colombiana, refletem os medos, as esperanças e a visão de mundo dos colombianos. Entre essas joias folclóricas, existe uma história particularmente intrigante do século XIII chamada “El Muerto que Siempre Vive” (“O Morto que Sempre Vive”). Essa história enigmática explora temas de amor incondicional, perda e a natureza persistente da morte, deixando o leitor em constante estado de reflexão.
A história gira em torno de um jovem casal profundamente apaixonado: Catalina e Tomás. Eles vivem uma vida simples e feliz na região montanhosa colombiana, onde as terras verdes se estendem até os horizontes azul-escuros. No entanto, a tragédia paira sobre eles quando Tomás cai vítima de uma doença repentina e inevitável. A morte de Tomás devasta Catalina, que não consegue imaginar uma vida sem o seu amado.
Cega pela dor, Catalina recorre a métodos desesperados para trazer Tomás de volta à vida. Ela visita xamãs, ora a santos e busca ervas mágicas em regiões remotas da floresta. Apesar de todos os seus esforços, Tomás permanece no reino dos mortos. No entanto, a devoção obsessiva de Catalina não se esvai.
Um dia, ela descobre um ritual ancestral capaz de trazer os mortos de volta à terra dos vivos. O ritual exige um sacrifício significativo e uma profunda conexão com o espírito do falecido. Catalina, impulsionada por seu amor inabalável, decide realizar o ritual, colocando sua própria vida em risco.
O ritual é realizado sob a luz pálida da lua, com Catalina entoando palavras antigas em voz baixa. Quando ela termina o canto final, uma névoa espessa envolve o local. Tomás surge lentamente da névoa, seus olhos vazios e seu corpo frio ao toque. Ele está de volta, mas não é o mesmo Tomás que Catalina conhecia.
Tomás agora vive como um “Muerto que Siempre Vive” – um morto que permanece preso ao mundo dos vivos. Ele vagava pela terra, sem memória de sua vida anterior e incapaz de sentir emoções genuínas. Para Catalina, a alegria inicial de ter seu amado de volta é substituída por uma profunda tristeza.
Catalina percebe que ela não trouxe de volta Tomás, mas apenas um fantasma vazio de seu amor. Ela tenta reavivar o espírito de Tomás, compartilhando suas memórias e tentando despertar seus sentimentos. No entanto, seus esforços são em vão. Tomás permanece um ser perdido, incapaz de conectar-se ao mundo vivo.
A história termina com Catalina e Tomás em uma eterna dança macabra – ela, buscando desesperadamente a conexão que ela perdeu, ele, vagando por uma existência vazia. “El Muerto que Siempre Vive” não oferece uma conclusão feliz. Em vez disso, apresenta um dilema moral complexo: qual é o preço do amor incondicional quando confrontado com a inevitabilidade da morte?
A história pode ser interpretada de várias maneiras. Por um lado, ela serve como um lembrete sombrio sobre os perigos da obsessão e da tentativa de desafiar a ordem natural das coisas. Catalina, em seu desejo obsessivo por trazer Tomás de volta, acaba aprisionando ambos em um estado de sofrimento eterno.
Por outro lado, a história pode ser vista como uma metáfora para a natureza persistente da memória e do amor. Mesmo que Tomás esteja fisicamente morto, sua lembrança continua viva no coração de Catalina. Ela carrega consigo as memórias de seu amor, mantendo-o vivo em seu espírito mesmo após sua partida física.
Independentemente da interpretação individual, “El Muerto que Siempre Vive” é uma história poderosa que nos força a confrontar questões fundamentais sobre amor, perda e a natureza da morte. A narrativa intrigante e os temas universais tornam essa lenda colombiana um exemplo inesquecível do rico folclore latino-americano.